Imagem capa - Sete filhos. É isso mesmo, produção? por Ivna Sá Fotografia

Sete filhos. É isso mesmo, produção?



Nada como a liberdade de escolher ser o que se deseja ser, sem se pautar pelas opiniões alheias. Assim é o casal Aline (37) e Estêvão (40). Conheço a Aline há muitos anos, mas em novembro de 2018, quando ela estava grávida da Tereza - a sexta filha - tive a oportunidade de não apenas visitá-la, mas também fotografar a família. Foi uma experiência incrível e hoje gostaria de contar para vocês.


Marquei de encontrá-los às 14h numa Vila em Botafogo/RJ, onde moravam. Essa Vila é linda e fica ao lado do Colégio Santo Inácio no Rio, onde o Estêvão é professor e onde as crianças estudam. Quando cheguei na casa, os três primeiros filhos na época com 9, 8 e 6 anos já estavam ansiosos para saber quando as fotos terminariam (risos). Todos de chuteira, uniforme de futebol e loucos para brincar. Primeiramente fui maquiar a mãe, fato que eles acharam o máximo, porque segundo a Aline, a última vez que ela tinha se maquiado e de que se lembrava era o casamento.  


Minha orientação era a seguinte: todos de jeans e blusa branca para que o ensaio ficasse bem bacana. Mas logo vi que seria uma insanidade da minha parte competir com o uniforme de futebol. Logo fui dizendo: “Beleza, vamos fazer o ensaio assim mesmo. Todos estão lindos”. O tempo começou a fechar, senti que ia vir chuva e eu só acelerando a família. Fizemos o ensaio ali mesmo na Vila, mas a melhor parte estava por vir.


Quando terminamos, o casal me serviu um delicioso pudim e aquele copo de água gelada. Sentada ali naquela mesa comecei a conversar sobre as escolhas deles, número de filhos, como eles se viravam, etc. Enquanto isso eu observava como os filhos se comportavam. Um lia um livro bem grosso, outro tocava piano (enquanto chovia e o futebol não era mais possível), a Maria de apenas 4 anos na época foi até a cozinha e buscou a pazinha de lixo com a vassoura e começou a limpar o chão sujo de biscoito. Tudo isso por iniciativa deles sem que os pais pedissem. Peguei a máquina comecei a fazer os registros e pensei: “caramba, o ensaio tinha de ser aqui, mostrando a rotina deles, como fazem para viver e para conviver”. Pedi para conhecer a casa e percebi que um dos quartos era mais parecido com uma escola com tantas caixas de organização, legos e jogos educativos.


A Aline é pedagoga e quase teóloga (falta uma matéria para concluir o curso). O Estêvão é mestre em Educação Musical e professor de música. Quando a Maria (quarta filha nasceu), a Aline abriu mão dos 400 alunos que tinha para se dedicar à família. Eles moravam de aluguel e tinha uma ajudante duas vezes na semana. Incrivelmente educam os filhos sem pirar. Com a quarentena, decidiram arriscar em um projeto sonhado há anos: mudaram-se para uma chácara numa cidade do interior de São Paulo. Saíram de um aluguel numa casa de 140 metros quadrados para uma chácara de 5 mil metros, pagando quase a metade do valor. O marido segue com vínculo na escola no sistema de home-office. Estão abertos a mais filhos e como educadores acreditam na educação domiciliar como uma possibilidade real para educar as crianças.


Nessa semana, recebi uma foto linda da caçula Teresa que fotografei na barriga segurando um exame de gravidez na mão e vestindo uma camisa que dizia: big sister. Isso mesmo que você leu: o sétimo filho vem aí. Eu consigo imaginar o que você está pensando: “que loucura! Como eles têm essa coragem? ” Eu com quatro filhos também fico perplexa com a coragem deles, imagine quem tem um ou dois filhos. Mas preciso dizer a vocês: nunca conheci um casal tão leve e tão livre para fazer suas escolhas. Vejo a real beleza justamente nessa capacidade de escolher, apesar de... (essas reticências são propositais, porque compreendo que todos nós temos o nosso APESAR DE)


Que a história deles nos inspire! Não necessariamente para ter sete filhos ou até mais (risos), mas pela coragem de assumir com liberdade e responsabilidade o projeto de vida que decidiram viver.