Imagem capa - Por que a gente vai sentir saudade dos “terríveis dois anos” por Ivna Sá Fotografia
Pais e filhos

Por que a gente vai sentir saudade dos “terríveis dois anos”

A tão falada crise dos 2 anos, quando pais não sabem como agir diante do comportamento dos filhos já pautou muitas matérias e artigos em revistas e sites especializados em assuntos de maternidade ou educação de filhos. A “terrible twos”, conhecida como adolescência do bebê, geralmente começa com 1 ano e seis meses e segue até os 3 anos. Fase de birras, choros, teimosia. O bebê que antes engatinhava agora já sabe andar e quer mostrar sua independência.  Você desligou um minuto? Cuidado, seu batom preferido pode ter se tornado um pincel nas mãos do pequeno artista disposto a decorar sua casa que foi pintada e reformada justamente para a chegada dele. Aprendeu a abrir a geladeira e escolher o que comer, não aceita a roupa que você escolheu, toca o terror nas lojas e supermercado...Ufa, só de falar a gente cansa. Sem falar a mania de subir em tudo pra viver altas emoções e nos matar do coração.


Mas existe outro aspecto dos “terríveis dois anos” que não virou matéria de jornal e que eu preciso lhe contar. Outro dia cheguei em casa de um ensaio fotográfico e meu caçula, hoje com 2 anos e 7 meses, estava pronto para almoçar. Mas, ao ouvir o barulho do portão da garagem, saiu correndo para abrir a porta da sala e me receber com aquele delicioso: “Mamaãeeeee.” Esse gesto faz parte da sua rotina e ai de alguma irmã se abrir a porta no lugar dele.


Na mesa da cozinha o seu pratinho de comida já estava pronto e, curiosamente, naquele dia cismou de comer sozinho. Eu estava tão empolgada com o ensaio que acabara de fazer (uma mãe cega que cuida da filha sozinha desde os primeiros dias de vida) que resolvi mostrar as fotos ali mesmo na máquina para a minha ajudante. Enquanto isso, meu menino que tentava chamar a minha atenção de todo jeito, começou a fazer gracinhas e mais gracinhas. Não resisti e, com a máquina em punho, fiz a imagem que ilustra esse artigo. Ao ver a imagem, pensei comigo: que propaganda enganosa! Quando que um menino dessa idade come sozinho e com essa disposição, sem fazer hora ou pirraça? E quanto mais eu clicava mais caras e bocas ele fazia, intercalando beijinhos e o delicioso “Te amo, mamãe”. De repente, voltei ao passado e busquei na memória, imagens idênticas de minhas outras duas filhas (hoje uma tem 12 e a outra tem 8).


Aquele sorriso de dentinho de leite com muita bochecha, as risadas gostosas e com a boca toda aberta, o gesto de contrair o queixo e jogar o corpo para trás enquanto ri, aquele jeitinho de imitar os mais velhos. Nossa, que saudade tive das minhas meninas assim e como a vontade que tinha era de interromper aquele almoço para agarrar meu menino e gritar. “Você é gostoso demais...” Daí percebi que a foto não era “enganosa”, mas muito verdadeira.  Filhos de dois anos são assim: fazem birras, mas fazem muita graça; dizem muito “não”, mas dizem coisas inesperadas que nos deixam de queixo caído; não são mais aqueles bebezinhos, mas continuam com bochechas gordas e têm barriguinhas, prontinhas pra gente morder (risos).


Como fotógrafa de famílias, sempre digo às mamães que ensaios de dois anos precisam ser em lugares abertos, onde eles podem correr e serem crianças de 2 anos. Fazer fotos de criança nessa idade em estúdio é uma loucura, porque não ficam parados por 1 minuto. Mas preciso dizer que, em nenhuma outra fase, a gente captura tantas fotos espontâneas, tanta graça, tanta naturalidade. De repente, uma foto despretensiosa pode até ilustrar uma matéria sobre alimentação infantil. Mas isso só acontece no tempo deles e do jeito deles. Se eu tivesse a tarefa de capturar uma imagem assim, de uma criança de 2 anos, talvez eu não conseguiria essa fotografia. Mas como a pauta aqui não é alimentação e, sim, excesso de gostosura, aí eles capricham no resultado.


Se existe um segredo para lidar com os “dois anos”? É viver um dia de cada vez, aprendendo com eles e não permitindo que as travessuras e birras da fase nos impeçam de ver o quanto eles são mais que gostosos e enchem a nossa vida de energia e alegria. Cansaço? Sim, sem dúvida, mas um cansaço carregado de sentido e que nos desafia para as outras fases que virão pela frente.


Ah, estava me esquecendo: não deixe de registrar essa fase tão gostosa do seu filho  ou filha. Como disse: o resultado é incrível. 



Ivna Sá é casada, mãe de três crianças, autora, professora universitária e fotógrafa de famílias há 11 anos, profissão que descobriu com o nascimento da primeira filha. Há quatro anos se dedica ao universo feminino com a criação da marca Ivna Sá Para Mulheres e, publica, semanalmente em seu canal do YouTube vídeos voltados para o público feminino e materno.


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